quinta-feira, 31 de maio de 2007

Sem título

«Segundo uma antiga lenda, o rei Midas perseguiu na floresta o velho Sileno, companheiro de Diónisos, e durante muito tempo sem poder alcançá-lo. Quando conseguiu por fim apoderar-se dele, o rei perguntou-lhe qual seria a coisa que o homem deveria preferir acima de tudo e considerar sem par. .

Obstinado e estático o demónio não respondia.

Até que, por fim, constrangido pelo rei, desatou a rir e proferiu as seguintes palavras:

"raça efémera e miserável, filha do acaso e da dor! E tu porque me obrigas a revelar-te o que seria para ti melhor ignorares? O que deverias preferir não o podes escolher: é não teres nascido, não seres, seres nada. Mas como isso te é impossível o melhor que podes desejar é morrer, morrer depressa".»

Nietzsche, A origem da Tragédia


« - Não sei. Não nos devemos preocupar demasiado. Todas as soluções humanas são temporárias.»

« - Mas como é que eu sei o que significa, como sei eu o que é verdadeiro?

- Essa espécie de verdade também é local. Não me refiro a qualquer relativismo disparatado.

Claro que há a ciência, a história e por aí fora. Quero dizer que as nossas tarefas comuns são imediatas e simples, e a nossa própria verdade subsiste nessas actividades.

Não nos enganarmos, não proteger o nosso orgulho com ideias falsas, nunca ser pretencioso nem artifical, procurar estar sempre lúcido e tranquilo.

Há uma espécie de discurso puro da mente que é preciso esforçarmo-nos por alcançar. Consegui-lo, é estar em verdade, na nossa própria verdade, o que não significa que seja preciso um grande sistema de crença.»



A máquina do amor sagrado e profano - Iris Murdoch.

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