quinta-feira, 31 de maio de 2007

Sem título

«Segundo uma antiga lenda, o rei Midas perseguiu na floresta o velho Sileno, companheiro de Diónisos, e durante muito tempo sem poder alcançá-lo. Quando conseguiu por fim apoderar-se dele, o rei perguntou-lhe qual seria a coisa que o homem deveria preferir acima de tudo e considerar sem par. .

Obstinado e estático o demónio não respondia.

Até que, por fim, constrangido pelo rei, desatou a rir e proferiu as seguintes palavras:

"raça efémera e miserável, filha do acaso e da dor! E tu porque me obrigas a revelar-te o que seria para ti melhor ignorares? O que deverias preferir não o podes escolher: é não teres nascido, não seres, seres nada. Mas como isso te é impossível o melhor que podes desejar é morrer, morrer depressa".»

Nietzsche, A origem da Tragédia


« - Não sei. Não nos devemos preocupar demasiado. Todas as soluções humanas são temporárias.»

« - Mas como é que eu sei o que significa, como sei eu o que é verdadeiro?

- Essa espécie de verdade também é local. Não me refiro a qualquer relativismo disparatado.

Claro que há a ciência, a história e por aí fora. Quero dizer que as nossas tarefas comuns são imediatas e simples, e a nossa própria verdade subsiste nessas actividades.

Não nos enganarmos, não proteger o nosso orgulho com ideias falsas, nunca ser pretencioso nem artifical, procurar estar sempre lúcido e tranquilo.

Há uma espécie de discurso puro da mente que é preciso esforçarmo-nos por alcançar. Consegui-lo, é estar em verdade, na nossa própria verdade, o que não significa que seja preciso um grande sistema de crença.»



A máquina do amor sagrado e profano - Iris Murdoch.

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Simplicidade



O industrial ficou horrorizado ao encontrar o pescador, deitado junto ao seu barco ,fumando pacientemente no cachimbo.


- Porque não está a pescar ? interrogou o industrial.


- Porque já apanhei peixe suficiente para o dia.


- E porque não apanha mais ?


- Que faria com eles ? inquiriu o pescador.


- Ganharia mais dinheiro. Com esse dinheiro poderia comprar um barco para o seu motor e assim ir pescar para águas mais profundas e apanhar mais peixes. Isso traria mais dinheiro, dinheiro que podia investir em redes de nylon, e pescar mais peixe e ter ainda mais dinheiro. Rapidamente teria suficiente capital para poder comprar dois barco ou mesmo uma frota de barcos. E então poderia ser tão rico como eu!


- E que faria eu então com esse dinheiro ?


- Ora homem, então você poderia descansar e desfrutar da vida! exclamou o industrial.


- QUE PENSA VOCÊ QUE EU ESTOU A FAZER AGORA?

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quinta-feira, 24 de maio de 2007

Dead end ou talvez não...a vida segue dentro de momentos




"em breve estaremos mortos, e não queremos morrer a pensar que tivemos uma vida vazia, uma vida em que não nos lembramos do que fizemos ontem porque foi o mesmo que fizemos na semana anterior."

(Robert Dessaix)



E assim vamos nós por vezes cantando e rindo , por vezes chorando e soluçando nesta trágico-comédia que é a nossa existência.
Momentos fortuitos de sonho por entre a pesada banalidade dos dias que se sucedem aos dias e às noites fechadas em personalidades cristalizadas , em becos sem saída mentais...


Can you picture what will be ? So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land
(The End-Doors)



Come on baby take a chance with us ? ............

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sábado, 28 de abril de 2007

Falar do zen é inútil - Raphael Doko Triet



Falar do zen, fazer kusen (ensinamento oral), se é apenas para ocupar zazen, é inútil. De qualquer maneira, falar do zen é inútil.

É claro, pode-se falar disso durante horas. Inúmeros livros escritos sobre o zen dizem não importa o quê. Tornou-se mesmo uma palavra na moda. Até na nossa sangha, as pessoas falam de mais.

É importante compreender por si mesmo. Na nossa sociedade , queremos sempre tudo com as instruções em cinco ou seis línguas. Mas no que diz respeito à nossa vida íntima, não existem instruções.


Pode-se falar do zen e fazer belos kusen, mas como tocar o coração das pessoas?


Por exemplo, lembro-me que Sensei dizia muitas vezes : "Aos principiantes deveis mostrar a postura mas não vale a pena explicar durante horas."


Esses primeiros instantes, em que estamos um pouco perdidos no dojo, são infinitamente preciosos. É preciso nunca mais esquecer esses momentos. Esses instantes de caos são anunciadores de um renascimento.


Quando Dogen regressou da China e chegou ao Japão, toda a gente o interrogava : " Que aprendeu lá?" Ele respondeu : "Porque deverei ter memória?"


É importante compreender por si mesmo como praticar . É o verdadeiro kusen, compreender a própria postura.


Bastante gente gosta muito de falar da paz, escrever livros, fazer congressos sobre a paz mas quem concorda em fazer o esforço de criar, com o seu corpo e o seu espírito, a paz no interior da sua vida ?


Toda a gente gosta muito de falar de zen mas quem quer muito transformar o seu corpo e o seu espírito ?


Toda a gente gosta muito de falar de compaixão mas quem quer criar, com o seu corpo e o seu espírito, a verdadeira compaixão?


Foi por isso que Buda disse : "Se quiserem, podem partir. Se recusam abrir o vosso espírito, não me incomodem. Apenas se quiserem seguir a coisa real, podem ficar comigo e praticar."

Retirado de Unsui 1997, Raphael Doko Triet , Seikyuji, Dojo Zen de Lisboa

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quinta-feira, 26 de abril de 2007

Dieta Paleolítica




A dieta paleolítica é um sistema alimentar baseado no tipo de alimentação consumido pelo Ser Humano durante o periodo Paleólitico,isto é, até ao aparecimento da agricultura à cerca de 10 mil anos.

Os defensores da nutrição paleolítica acreditam que os melhores alimentos para o organismo humano são os que estamos projectados para comer e e as doenças relacionadas à dieta são causadas pelo desvio desse caminho.O argumento baseia-se resumidamente na ideia que a genética humana mudou muito pouco desde a idade da pedra, uma dieta ideal (para a saúde) deveria ser reconstruída para ser como a daquela época.

99% dos nossos genes datam do periodo anterior ao momento em que os nossos antepassados biológicos se tornaram Homo Sapiens (cerca de 40 000 anos atrás) e 99,99% dos nossos genes são anteriores ao desenvolvimento da agricultura (cerca de 10 000 anos atrás.

Vendo de outra forma , 100 mil gerações dos nossos antepassados foram caçadores-recolectores, 500 gerações dependeram da agricultura, apenas 10 gerações viveram desde o inicio da Revolução Industrial e apenas 2 gerações viveram com produtos alimentares altamente processados.

Desta forma, ao estudar a arqueologia e os grupos de caçadores-recolectores modernos, podemos aprender como deveria ser uma dieta saudável.

Alimentos que não são comestíveis crus e sem processamento são excluídos dessa dieta. Isso inclui grãos, feijões e batatas.

Alimentos que são incluídos nessa dieta são: carne, peixe, frutas, verduras, nozes e ovos. A única exceção a essa regras são os laticínios, já que apesar de poderem ser comidos crus são alimentos da era pós-agricultura.

Geralmente essa dieta é o que poderia se considerada como consumo baixo de hidratos de carbono, porém não na extensão de por exemplo a dieta de Atkins. Ao contrário da dieta de Atkins, frutas e vegetais são consumidos em grandes quantidades. O conteúdo de vitaminas e minerais desse dieta é bem alto comparado com outras dietas padronizadas.

Voltarei a falar deste assunto noutra ocasião. Deixo aqui algumas pistas :

- Paleolithic Nutrition :Your future is in your past


- Introduction to the Paleolithic Diet






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Mito da utilização de apenas 10% da capacidade do cérebro - Alexandre Taschetto de Castro



"Um fator que certamente alimentou a propagação deste mito é o fato de que ele proporciona uma explicação "científica" para a suposta capacidade psíquica ou paranormal de certas pessoas.

Enquanto os meros mortais utilizam somente 10% de seu cérebro, algumas pessoas teriam a capacidade (inata ou desenvolvida) de utilizar os 90% restantes, desenvolvendo poderes mentais muito além do geralmente aceito pela ciência.

"O mesmo argumento é às vezes empregado na propaganda de técnicas ou cursos de desenvolvimento mental que garantem, por exemplo, a obtenção de uma incrível capacidade de memorização.

Infelizmente, por mais que esta idéia inspire nobres esforços em busca do auto-aperfeiçoamento, sabe-se que, apesar de a evolução ter gerado uma certa redundância nos circuitos do cérebro, ele é usado por completo. Diversas técnicas empregadas pela neurociência moderna (tomografia, ressonância magnética, etc) mostram que não existem áreas inativas no cérebro.

Como determinadas funções são concentradas em áreas específicas do cerébro, pode ocorrer que em um dado momento uma certa função (e sua região cerebral correspondente) não esteja sendo utilizada. Isto é, não utilizamos 100% do nosso cérebro durante 100% do tempo, mas utilizamos todo o cérebro ao longo de nossas diversas atividades normais.

Mesmo sem o conhecimento destes fatos, não seria muito dificil identificar a falsidade deste mito. Afinal de contas, se a maioria das pessoas deixassem 90% de seu cérebro ociosos, um traumatismo craniano que envolvesse a perda de massa cerebral não seria algo tão grave a não ser que a vítima tivesse o grande azar de perder os 10% importantes.

Alguém já viu um médico dizer para a família de uma vítima de um tiro na cabeça, "Seu filho teve sorte, a bala atingiu uma área ociosa do cérebro... "?. Da mesma forma, 90% dos tumores de cérebro seriam facilmente resolvidos, podendo a área afetada ser retirada sem maiores problemas.

Alguém poderia argumentar que os 10% referem-se não ao volume do cérebro, mas a algum índice de atividade (como sua velocidade de processamento ou capacidade de armazenamento). Entretanto, não se conhece nenhuma técnica para a determinação de um limite teórico para estes processos, de forma que seja possível determinar a eficiência do cérebro de uma pessoa em particular.

Assim, qualquer quantificação desta eficiência seria nada mais que um "chute", sem qualquer sentido real.

A origem exata deste mito é desconhecida, mas provavelmente deriva da interpretação errônea das primeiras pesquisas sobre o funcionamento do cérebro, no início do século XX. Aparentemente, Einstein inadvertidamente colaborou para a propagação deste mito ao usá-lo para responder a um jornalista que lhe perguntou a razão de sua grande inteligência. "

Artigo retirado de Projecto Ockham

Para saber mais:

BrainConnection - 10 Percent and Counting: How Much of the Brain Do We Use

Ten-Percent Myth (Skeptical Inquirer March 1999)

New Scientist: The Last Word Science Questions and Answers

The Ten-Percent Myth

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Origem do nome do Blog



“A porta do Dragão - Ryumonji” por Raphaël Doko Triet

"Há ano e meio, durante uma viagem ao Japão, cheguei a um dos dois grandes mosteiros Soto.


Existem vinte e cinco mil templos Soto no Japão mas dois são os mais importantes: Ehei-ji e Soji-ji.


Chegámos ao Soji-ji e, antes de sermos recebidos pelo zenji, o secretario veio pedir-nos os nomes, a idade, de que cidade e país éramos. Pediu-me também o nome do meu dojo. Fui apanhado de surpresa. Havia pouco tempo que estávamos em Lisboa e precisava absolutamente que o meu dojo tivesse um nome.


De imediato, tive de dar um nome ao dojo. Gosto deste tipo de situação. Então, chamei-lhe « Porta do dragão » e conservei o nome porque faz referência a uma história, uma lenda narrada por Dogen.


« No oceano, há um lugar que se chama a "Porta do dragão". Aí, há sempre grandes ondas que se formam e todos os peixes que passam por lá transformam-se infalivelmente em dragão. Por isso se chama àquele lugar a "Porta do Dragão".


Mas as grandes ondas daquele lugar não são diferentes das de outro qualquer, a água aí é salgada como em qualquer parte. Porém, enquanto neste lugar os peixes se transformam em dragão, as suas escamas permanecem, o corpo deles não se transforma, até a maneira de abrir a boca, tudo, tudo, tudo exactamente como os outros peixes. Mas contudo são dragões.


É como para os monges. Um mosteiro não é um lugar diferente dos outros mas, uma vez entrados nesse mosteiro, os monges tornam-se budas do mesmo modo que os peixes se tornam dragões. Comem a mesma comida dos outros homens. Vestem-se igualmente, protegem-se contra a fome e o frio mas quando se rapam o crânio, vestem o kesa, comem a guen mai, tornam-se monges."

Extraído dum Kusen de Raphaël Doko Triet de Bucelas em 7 de Novembro 1998

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